segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dores da democracia - Mal estar da civilização


Não vou citar Freud. Embora o tema seja intrigantemente de interesse. Então que Freud passe em vôo alto pela leitura, à vontade do leitor.

Vamos falar de democracia, e das 'dores' contemporâneas dessa nova forma de nos estabelecermos no Brasil.

'Dores' vêm com aspas. Pois não me parecem de um lado, que possam ser sanadas, e de outro, que devam ser sanadas. Mas as bocas no ninho estão se abrindo e pedindo comida, e esboçam certo sofrimento. Quais são as dores da democracia atual?

São duas dores fundamentais da atualidade:

Há e-mails, há posts, há comentários nas ruas, nos bares, e até mesmo algo como um partido se esboça sobre estas pequenas dores de uma República democrática: o Imposto e o político.

Querem acabar com o imposto, madame não gosta que ninguém... se importe!

Ora senhores, não preciso aqui citar o uso que fazem dos impostos, desde a estrutura da sua casa, ao passeio e a uma série de recursos que o estado disponibiliza para o cidadão que é contribuinte.

Se pensar uma ordem social com o imposto parece complexa, imagine sem ele. O problema não está no imposto.

Estão na verdade a buscar algum culpado, algum bode espiatório para aquilo que não passa, no fundo, de uma dor individual, uma dor pessoal que sente no peito, esta dor típica da democracia. A perda. O sentimento de derrota que sentimos quando perdemos, e não apenas perdemos, mas perdemos por vias legais, morais e legítimas.

Madame não quer perder e estende suas dores como se fossem dores de todo mundo, dores do sistema. Mas temos que aprender, na democracia, a perder. Quem não está pronto para perder não está pronto para jogar. E como todo bom 'dono da bola', na iminência de perder, muda as regras do jogo.

As dores escamoteiam porque na verdade não têm intenções genuínas de nada, apenas de gritar e reclamar. A aplicação do imposto, a administração pública, assuntos sérios, são pouco debatidos, mas a própria 'idéia' de imposto é veementemente atacada.


A mesma dinâmica observamos no trato com os políticos. Quando que o problema geral se encontra na plataforma originária do candidato, e depois, em sua atuação pontual, a questão se transforma em um debate, muito filosófico por sinal, da obrigatoriedade do voto. Ora, dores democráticas novamente!

É claro que a democracia é uma obrigação, caso contrário seria uma 'deusdarácracia'. E como preferimos sempre o 'demo' em relação a 'deus', fiquemos com nossa democracia.

As dores contra o candidato Tiririca são dores. O que Pedro Simão possui de mais nobre, qual prerrogativa Pedro Simão possui que o difira de Tiririca? Nenhuma. Quando nosso candidato ganha, não sentimos dores. Quando sentimos dores, alguns, buscam se anestesiar.


Devemos retirar este espectro de dor, esta dor democrática subjetiva, e começar a pensar como democratáticos, e analisar as dores da democracia, e não nossas dores ínfimas. Precisamos entender onde a democracia sangra, e com certeza, não é no legislativo, ou no executivo. Há uma hemorragia não contida, correndo sem dor e muda...

Há um poder não democrático, sob o verniz de tecnicidade. Uma justiça sem voto do povo. Decisões sem transparência, sem órgão regulador. Um vaticano em meio a nossa República.

O judiciário, a mitocôndria do tecido celular da democracia, até quando permanecerá fora da esfera popular?

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