quinta-feira, 28 de julho de 2011

Quem é o pedófilo?



De repente a pedofilia se tornou o assunto do momento. A grande causa política.

Mas ninguém divulgou quem é este pedófilo, como age, e o que de fato faz.

A pedofilia é entendida como uma perversão sexual onde um indivíduo é atraído sexualmente por crianças, ou seja, indivíduos que estão em uma fase pré-púbere.

Mas porque esta perversão veio a tona da maneira como ocupa a vida nos canais de mídia do país?

A coisa começou a cair na mídia por causa de denúncias sobre sites que continham material pornográfico ou sensual de menores de idade. Bom, este é um crime que deve ser denunciado, mas no caso, ainda não chegamos perto da realidade da pedofilia em nosso país.

Em nosso país especificamente, uma certa marcha contra a pedofilia foi empreendida por políticos ligados a igrejas, sobretudo por Magno Malta. O tema veio junto de um discurso de defesa da família.

Então temos que coordenar alguns dados. Pois que o movimento contra a pedofilia não teria sentido se fosse um movimento contra uma perversão, que é um problema psicológico. Tratou na verdade de uma campanha contra crimes de abuso de menores praticados por indivíduos pedófilos.

Muito bem, acontece que, segundo estudos, apenas 10% dos crimes sexuais praticados contra menores de idade são praticados por pedófilos. Isto é explicado pelo fato da pedofilia ser um disturbio que faz com que o indivíduo se sinta atraído sexualmente, e não necessariamente atraído a cometer um ato que sabe ser criminoso.

Então, porque atacar 10% do problema ao invez dos 90% ou mesmo 100% do problema? Parece complicada a história não é? Quem afinal são estes 90%

Bom, a realidade das pesquisas, das manchetes de jornal e dos especialistas que lidam com o caso é a seguinte: Pais, tios e familiares próximos são os maiores criminosos. São heterosexuais, e não-pedófilos. O que não descarta um porcentual relevante de homossexuais também, mas não são maioria de modo algum.

No nosso país podemos pensar nesta relação de abuso não a partir da pedofilia, mas, mais facilmente entre relações de poder; familiar, do trabalho e de autoridade legal. Pessoas em condição superior que obtem prazer em qualquer tipo de humilhação.

Huuum, interessante como isto parece uma coisa muito mais habitual em nosso país da Casa Grande e senzala não?

Daí temos, padres, professores, políticos, parente, pastores e etc, etc... sempre em uma relação de diferença de poder econômico, moral ou legal.


Mas porque ainda o pedófilo então?


Me parece que um dos motivos está no emblema, a palavra parece fácil de portar, é como se o inimigo fosse detectável - um pedófilo - mas em realidade não pode, ele é potencialmente qualquer homem ou mulher ocidental, convivendo e assumindo para si as realidades de colonialismo que convivemos sob várias esferas.

Mas além de falso o jargão do pedófilo, pois não é a ele que devemos a maioria dos crimes, todo jargão é também perigoso em uma sociedade que se organiza por disputas humilhantes de poder.


Se o pedófilo virou o judas da família brasileiro, quando que na verdade a própria família brasileira era a criminosa nesta história, o uso indiscriminado e estigmatizado do termo gerou um mal muito maior, que foi a vinculação por parte de parlamentares ligados a igrejas evangélicas do termo pedófilo com a homossexualidade.


Então, se me perguntam o que é a pedofilia só posso responder o seguinte:

É um disturbio sexual que acomete uma parte da população, e que em menos de 1% dos casos resulta em crimes e abusos. E atualmente no Brasil é usado como slogan religioso, bode espiatório, para manipulação da opinião pública.


No fim das contas além dos homossexuais não serem pedófilos, nem os próprios pedófilos são isto a que estão a chamar de pedófilos.




segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dores da democracia - Mal estar da civilização


Não vou citar Freud. Embora o tema seja intrigantemente de interesse. Então que Freud passe em vôo alto pela leitura, à vontade do leitor.

Vamos falar de democracia, e das 'dores' contemporâneas dessa nova forma de nos estabelecermos no Brasil.

'Dores' vêm com aspas. Pois não me parecem de um lado, que possam ser sanadas, e de outro, que devam ser sanadas. Mas as bocas no ninho estão se abrindo e pedindo comida, e esboçam certo sofrimento. Quais são as dores da democracia atual?

São duas dores fundamentais da atualidade:

Há e-mails, há posts, há comentários nas ruas, nos bares, e até mesmo algo como um partido se esboça sobre estas pequenas dores de uma República democrática: o Imposto e o político.

Querem acabar com o imposto, madame não gosta que ninguém... se importe!

Ora senhores, não preciso aqui citar o uso que fazem dos impostos, desde a estrutura da sua casa, ao passeio e a uma série de recursos que o estado disponibiliza para o cidadão que é contribuinte.

Se pensar uma ordem social com o imposto parece complexa, imagine sem ele. O problema não está no imposto.

Estão na verdade a buscar algum culpado, algum bode espiatório para aquilo que não passa, no fundo, de uma dor individual, uma dor pessoal que sente no peito, esta dor típica da democracia. A perda. O sentimento de derrota que sentimos quando perdemos, e não apenas perdemos, mas perdemos por vias legais, morais e legítimas.

Madame não quer perder e estende suas dores como se fossem dores de todo mundo, dores do sistema. Mas temos que aprender, na democracia, a perder. Quem não está pronto para perder não está pronto para jogar. E como todo bom 'dono da bola', na iminência de perder, muda as regras do jogo.

As dores escamoteiam porque na verdade não têm intenções genuínas de nada, apenas de gritar e reclamar. A aplicação do imposto, a administração pública, assuntos sérios, são pouco debatidos, mas a própria 'idéia' de imposto é veementemente atacada.


A mesma dinâmica observamos no trato com os políticos. Quando que o problema geral se encontra na plataforma originária do candidato, e depois, em sua atuação pontual, a questão se transforma em um debate, muito filosófico por sinal, da obrigatoriedade do voto. Ora, dores democráticas novamente!

É claro que a democracia é uma obrigação, caso contrário seria uma 'deusdarácracia'. E como preferimos sempre o 'demo' em relação a 'deus', fiquemos com nossa democracia.

As dores contra o candidato Tiririca são dores. O que Pedro Simão possui de mais nobre, qual prerrogativa Pedro Simão possui que o difira de Tiririca? Nenhuma. Quando nosso candidato ganha, não sentimos dores. Quando sentimos dores, alguns, buscam se anestesiar.


Devemos retirar este espectro de dor, esta dor democrática subjetiva, e começar a pensar como democratáticos, e analisar as dores da democracia, e não nossas dores ínfimas. Precisamos entender onde a democracia sangra, e com certeza, não é no legislativo, ou no executivo. Há uma hemorragia não contida, correndo sem dor e muda...

Há um poder não democrático, sob o verniz de tecnicidade. Uma justiça sem voto do povo. Decisões sem transparência, sem órgão regulador. Um vaticano em meio a nossa República.

O judiciário, a mitocôndria do tecido celular da democracia, até quando permanecerá fora da esfera popular?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Banca de Jornal



A banca de jornal, me lembro, era um lugar especial na minha infância. Lá eu conseguia os álbuns e figurinhas, as revistas MAD, as revistas em quadrinhos; os adultos compravam jornal. Ficava amigo de todos os donos de banca.

De tarde, a hora de sair para alguma compra, ou, no início do mês quando ganhava algum dinheiro e ia comprar minha MAD mensal, afinal fui um grande colecionador mas vendi tudo a uns 2 anos, eram momentos ótimos, é difícil descrever o que são estes pequenos passeios e estes pequenos mimos, talvez, um cotidiano sem desastre algum.


Mas ainda na infância percebia que nem todas as bancas possuíam este ar, compunham aquele ambiente onde sempre me lembraria dos senhores que nos vendiam as figurinhas. Alguns pareciam sombrios. E um amigo me levou em um deles pois dizia haver revistas com fotos inacreditáveis. Fui lá e como nunca mais na minha vida me senti um criminoso, voltando com a 'mercadoria' embaixo da blusa.

Obviamente um meliante sem qualquer experiência, e o mistério não durou 10 minutos e fomos pegos. Minha mãe fez um escândalo com o dono da banca, e nunca mais passei lá na frente, sempre atravessei com vergonha de encarar meu 'comparsa' lá na banca.


Porém hoje fico abismado de ver como que bancas normais, que frequentam crianças, há um número imenso de revistas de nudez, claro, não são do nível daquelas que tinha comprado com 11 anos, mas é muita nudez 'não-artística', mesmo que digam o contrário. Em jornais e revistas inclusive.

Não me pareceu mais, pelo menos aqui no bairro, haver aquela banca que era um pequeno castelo da infância, e o filtro infantil não dura muito... eu quem o diga!

Os donos de banca, sei, precisam ganhar dinheiro, porém, talvez o negócio que tem em mãos, em vista destes estímulos nús, afaste a clientela mais fiel e mais desejável de todas, as crianças, e com certeza meus filhos.




domingo, 3 de julho de 2011

A lógica da Má-fé.



Então recebemos e-mails promocionais, e em nossa boa fé não queremos denunciá-los como spam, e vamos lá embaixo do e-mail para pedir que não nos enviem mais.

Segue esta incrível experiência com o site 'Toda Oferta', que envia promoções para meu e-mail:


Primeiramente segui todos os passos, cliquei em cancelar os boletins Uol, site ao qual o Toda Oferta pertence, e então pedem para digitarmos nosso e-mail. Então eles enviam um e-mail para você, observe só o que nos chega;

"você recebeu esta mensagem para confirmar seu último pedido de recebimento dos Boletins UOL"

Só pode ser brincadeira não é? Você entra no link para não receber os e-mails e chega justamente um e-mail 'trocado'...

Mas nos dão opções.

"clique no link ou copie e cole o mesmo no seu navegador para confirmar suas opções"


Neste momento nos damos conta de que Kafka não era um escritor ficcional, e sim um cronista.

Confirmar o que!?!?! Eu pedi para retirar meu e-mail da lista de boletins da Uol, mas aqui parece que eu enviei um pedido para incluir TODOS os boletins Uol... o que tenho a dizer boquiaberto é: Ual!!!!!

Mas há uma luz no fim do túnel:

"Para alterar seu pedido, clique aqui ou copie e cole o link no seu navegador"

A palavra alterar parece algo razoável, pelo menos não vamos afirmar qualquer coisa que quiseram colocar em nossa boca, não vamos nos sentenciar à morte sem conhecimento de causa.

Mais a baixo temos uma outra mensagem:

"Se você não solicitou o recebimento deste serviço, por favor, desconsidere esta mensagem"


Vamos ser francos, eu não solicitei recebimento de boletim algum, o correto seria desconsiderar a mensagem, mas assim, nunca cancelaria estes e-mail inoportunos. Ou seja, a lógica é:

"fique bravo, mas fique confuso, não mexa nesta casa de caboclo para não piorar, vai que você recebe mais e mais propagandas!!!"

Porém não sou bobo, e sei que a Má-fé tem limites, eles não se exporiam tanto (assim pensei), uma das portas deve ser a verdadeira... que se abram as portas da esperaça!!!

Escolhi a segunda...

Escolhi certo, ali vi que haviam 3 boletins sendo enviados e cancelei os 3.

Porém, ingenuamente pensei haver resolvido o problema, veja a mensagem final:

"Atenção: Existe uma confirmação pendente em seu e-mail.
Confirme sua última alteração que já foi enviada para o seu e-mail ou então aguarde 48 horas para fazer uma nova modificação."


Ah sim. Eu pedi para cancelar. Me enviaram um e-mail. Nele escolho a opção certa. Mas não podem realizar porque me enviaram um e-mail... diga-se de passagem, justamente este pelo qual solicitei o cancelamento dos boletins.

Kafka o santo dos consumidores!!!

(Vou denunciar como SPAM!!!)