segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Como lidar com os riscos?



Então um brinquedo se soltou de sua base e matou uma menina e feriu tantos mais. Depois, uma que estava internada veio também a morrer.

Este é até então o resultado do brinquedo do Glória Center Parque de Diversões.

Obviamente não é o caso de brinquedos deste tipo quebrarem toda semana ou todo mês. Contudo, não são poucos os acidentes e não se restringem ao bairro de Vargem Grande no Rio de Janeiro.

Mas qual seria a frequência?

Vamos fazer uma busca bem superficial pela internet, a respeito daquele inocente brinquedo chamado Roda Gigante:

2006: Roda gigante mata 1 e fere 6 (Tunísia)
2007: Roda gigante mata 4 (Coréia)
2008: Roda gigante mata 1 (Brasil)
2009: Roda gigante mata 1 e fere 1 (Brasil)

Há certamente uma frequência, então podemos imaginar para outros brinquedos mais radicais.


Mas já foi dito que viver é perigoso, ou, que viver é um descuido prosseguido. Sendo assim, como lidar com os riscos?


Existia aquela velha máxima do fumante, quando lhe diziam que o cigarro mata: 'mas para que parar de fumar, se posso ser atropelado a qualquer momento?'

O nosso fumante inveterado certamente não é uma pessoa que lida bem com os riscos. Ele certamente está somando seus riscos de atropelamento com os de morte por cigarro, ao não deixar de fumar. Mas ele, como todos nós, temos que fazer escolhas, obviamente, ninguém tem nada a ver com isto.

Mas tanto nosso fumante, quanto qualquer um, tem direito a ter acesso ao que anda acontecendo por ai. E com certeza, entre tudo o que anda acontecendo por ai, muito acidente vem a acontecer.

Aos 14 anos fui a um campeonato de TaeKwon-do. Meu pai foi obrigado a assinar um termo de responsabilidade, pois obviamente, acidentes poderiam acontecer, em uma probabilidade muito maior do que simplesmente andar pela calçada.

Aos 29 tirei, enfim, minha carteira de motorista. E, é necessário tais aulas e teorias pois sabe-se, carro é um veículo perigoso que causa muitos acidentes. Então, se você está apenas pegando uma carona, você sabe que aquela é uma pessoa autorizada a dirigir, porém, se o motorista está bêbado, você com certeza irá dispensar a carona, em vista dos riscos eminentes.

Diferente acontece ao saltar de Bungee Jump ou paraquedas.

Porque?

Porque acidentes sempre ocorrem. Mas um acidente na calçada, estando ela mal acondicionada, fará você quebrar seu pé, talves, fazer com que ande mancando para sempre. Se algum acidente acontecer com seu carro, você pode quebrar alguns osso, ficar em coma, e até morrer. Mas se algum acidente acontecer com seu paraquedas, asa delta, entre outros, você irá morrer imediatamente.

São riscos diferentes.

Mas porque estou falando tudo isto?


Porque brinquedos de parques de diversão não são como andar na rua, nem são como andar de carro. São coisas penduradas, 10, 20 metros de altura, cheio de pessoas, em parques itinerantes que fazem de tudo para um lucro qualquer, que nem sempre vem, e que não estão dispostos a pagar tanto por manutenção. Quando acontece um acidente, é coisa séria.

E as mortes, são de pessoas entre 13 e 17 anos de idade.

Acho que é necessário um aviso, um aviso dos riscos corridos por aqueles que vão entrar em certos brinquedos. Aqueles muito rápidos, muito altos e etc.

O risco destes brinquedos, dizer, é ter medo, é ficar enjoado... isto não é risco, esta é a brincadeira que muitos querem participar.

Os riscos só os engenheiros e só os donos de parque sabem quais são. Agora é hora dos pais das crianças que vão aos parques saberem também.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Maturidade


Uma vez Calvin, aquele garoto amigo do Haroldo (Hobbes), pensou, ao ler o seguinte termo;

"filmes adultos".

Seriam estes, filmes que tratam de assuntos como as responsabilidades, os grandes feitos, e coisas que apenas adultos teriam capacidade?


Esta tirinha em específico assinala dois grandes marcos de nosso tempo.

1) A maturidade não é um valor

2) As crianças perceberam isto


A Disney, recém compradora da Marvel, estúdio de quadrinhos também, não compartilham da mesma sensibilidade de Bill Watterson. E lançam uma campanha que pede que donos de lojas rasguem 50 capas de revistas da DC (principal concorrente), para ganharem uma edição especial e rara.

Não pude pensar em outra coisa senão na grande queima de livros do regime Nazista. Uma convocatória a queimar tudo aquilo que acenava contra a nova ordem estabelecida. Tanto a nova ordem estabelecida quanto o proposto para mantê-la coincidem, violência.

Violência agora se impõe até na compra de uma mera revista em quadrinho.

Mas as revistas outras já a praticavam, a Veja vem aplicando outro tipo de violência, mas esta é para "leitores adultos" que sabem bem o que fazem. A Marvel insere violência naqueles que ainda mal a sabem.


O que seus personagens têm a dizer?


Capitão América x Homem Aranha (O herói do império e o herói do cotidiano)
X-Men x Hulk (O herói da diplomacia e o herói da fúria)



Personagens aparentemente opostos, temas aparentemente opostos. A Marvel estaria tentando nos mostrar um mundo de conciliações. Mas tal acordo pesaria para qual dos polos?

O cotidiano do Aranha teria o poder de espantar o poder do América, ou aranha é apenas um cidadão anônimo, sob os cuidados deste herói maior?

A difícil tarefa de Charles Xavier, conciliar a diferença, ao fim, não chega sempre tarde de mais para corrigir os atos de uns Hulks, o único modo de agir efetivo que se propaga neste mundo, apenas uma força descontrolada adquirindo poder?

Rasgar 50 capas de revista, hoje, é como rasgar 50 livros. A balança parece clara, o que a Disney e a Marvel defendem é um modelo maior que seus pequenos personagens, e parecido com seus grandes personagens, e pedem a cada revendedor de revistas que se aliem em um gesto violento.


Quem são os personagens a que atacam, quem são os inimigos DC?


. Orquídea Negra
. Watchman
. Batman
. Monstro do Pântano
. Sandman


Aqui não se vêem apenas personagens, mas personalidades. Aprofundamento das histórias, evolução e qualidade artística dos desenhos.

O que venha ser esta guerra declarada da Disney e Marvel, me parece similar à guerra que os "filmes adultos" fazem contra a própria idéia do envelhecimento, de maturidade. A mesma guerra de sistemas políticos ditatoriais que insistem em infantilizar as pessoas tornando-as dependentes de um pulso forte. Contudo, suas cores são sempre evidentemente fracas e chapadas.

Não podemos mais deixar que estes filmes se repitam.

Perseguição de qualquer minoria que seja: homossexuais, negros, ateus, praticantes de religiões afro-brasileiras, marxistas, esquerdistas, comunistas, anarquistas, feministas, mulheres, pensadores, mendigos, orientais, gordos, nordestinos, árabes, judeus, africanos, sul-americanos, mães solteiras, artistas, ruivos, estrangeiros, índios, ciganos, brasileiros...

A lista em conjunto representaria uma maioria, mas sob um ângulo qualquer de repente alguns se reúnem e literalmente se "incluem fora".

Tivemos que falar de quadrinhos para falar de maturidade, mas assim são as coisas, livros defendendo o indefensável sendo publicados, e personagens in-críveis, mostrando o que é amadurecer.

Watchman parece ser um livro do mesmo peso que Ética a Nicômaco de Aristóteles.